
Vou falar desta mulher, esta mãe, que pode lembrar quase todas as mães, as mães de verdade, as mães de amor.
A minha tem tanta força quanto mistério.
Às vezes me pego olhando pra ela, é tão linda, tão sustentável... E tão frágil.
Ela tenta entender o mundo que é tão diferente dela... Por que eu sei que a vida lhe parece muito grande e perigosa. Ela faz o que pode pra transformar isso. Muda os móveis de lugar, troca a mesinha da sala, pendura tantos quadros na parede quanto o numero de espaços vazios na sua alma.
Sei disso, mas é lindo ver este movimento que ela faz de preencher a vida. Porque tudo que ela ama pode pintar em uma tela, protegendo do tempo, depois ela guarda com cuidado no coração. E ela pinta tantas telas... Quando as telas já não sustentam tantos sonhos, ela os pinta em porcelanas brancas, em caixinhas delicadas, panos bordados, cuidadosamente escolhidos pra guardar o que é tão precioso como jóias no cofre. A arte é o cofre dela.
Minha mãe tem braços fortes, que já ergueram casas. Tantas casas, só minhas foram quatro ou cinco.
E tudo o que vejo hoje tem um toque desta luz delicada. Cada canto, cada quadro, cada caixa... Tudo o que ela toca pode deixar de ser impessoal em segundos. Porque ela quer estar em todos os lugares que julga pertencer. Como se quisesse tatuar seu amor nas minhas coisas, como se não soubesse fazer isso de outro jeito.
Ela ergueu minhas escadas, sustentou minhas cordas, e todas as cordas deste circo. E hoje o que ela pode me dar é esta musica branda que toca quando ela não esta, um gosto de biscoito com café, cheiro de domingo de manhã... A alegria de casa cheia e do presente em cima da cama, que esta sempre lá.
Minha mãe tem todas as mulheres do mundo, toda a energia de um tempo, de tantos anos, de poucos anos, da vida inteira que ela ainda tem.
Sabe mãe, amo tantas coisas em ti, mas o que mais admiro, é a tua força inabalável, e este mistério, este delicioso mistério que os teus olhos tem.
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